1890 - 1935
Kurt Tucholsky nasceu em Berlim, em 9 de janeiro de 1890. De origem judaica, foi o filho mais velho de Alex Tucholsky, um comerciante e banqueiro, e Doris Tucholsky. Seus irmãos eram Fritz e Ellen. Em 1905, aos 15 anos, ele perde o pai. Começou a estudar Direito, em 1909, na Friedrich-Wilhelm-Universität em Berlim (hoje: Humboldt-Universität zu Berlin).
O interesse de Tucholsky pela escrita despertou durante seus estudos, quando já havia publicado suas primeiras obras literárias, em 1907, na revista semanal satírica Ulk. Em setembro de 1911, ele viaja a Praga com seu amigo Kurt Szafranski para visitar Max Brod, um escritor por ele muito estimado e melhor amigo de Franz Kafka. Após encontrar Tucholsky, Kafka escreve sobre ele em seu diário em 30 de setembro de 1911: Tucholsky é “um homem bastante coerente de 21 anos. Desde o balançar contido e inabalável da bengala, que jovialmente eleva os ombros, até o prazer ponderado e o desdém de suas próprias obras literárias. Deseja se tornar um defensor (...). Ele casará em breve.”
Em 1912, ainda como estudante, publica o seu primeiro sucesso literário Rheinsberg: Ein Bilderbuch für Verliebte (Rheinsberg: Impressões para os apaixonados), pela editora Axel Junker Verlag e se torna conhecido por um público maior. Com seu amigo Kurt Szafranski, que ilustrou o livro, ele abriu um bar literário na rua Kurfürstendamm, em Berlim. Para melhorar as vendas da obra, quem comprasse um exemplar do livro ganhava uma dose de Schnapps (aguardente).
O ano de 1913 marcou o ponto de virada na carreira de Tucholsky, ainda como estudante de direito, entrou para a revista semanal de esquerda Die Schaubühne (O palco do teatro), que mais tarde se chamou Die Weltbühne (O palco do mundo) e logo foi seu escritor mais importante. Ele interrompeu sua carreira jurídica para se dedicar completamente à escrita. A carreira literária de Tucholsky começou, portanto, no jornalismo político. Embora fosse conhecido sobretudo como escritor político e como “poeta-jornalista”, Tucholsky foi muito produtivo em diversos gêneros. Escreveu dois romances, cerca de 500 poemas, um drama, um manuscrito de filme, cerca de 50 textos curtos em prosa, canções e letras de cabaré. Essa combinação de literatura e jornalismo não era incomum na época e era uma das características da literatura da República de Weimar.
A Primeira Guerra Mundial interrompeu a carreira jornalística de Tucholsky, em 1915. Pouco após terminar seus estudos, ele foi recrutado para o serviço militar, participando como soldado na linha de frente em diversos lugares e em Radviliškis, na Lituânia, e depois como editor de um jornal de campo.
Em 1918, Tucholsky foi transferido para a Romênia como vice-sargento de campo e comissário de polícia de campo. Lá ele se converteu à fé protestante, já que deixou a comunidade judaica em 1914. Em novembro do mesmo ano retorna a Berlim e, em dezembro, tornou-se editor-chefe da Ulk por dois anos. Após a guerra, Tucholsky tornou-se um pacifista e antimilitarista convicto. Ele continuou a escrever para a Die Weltbühne e com uma língua afiada e humor aguçado, criticou o movimento nacional-socialista. Ele escreveu muitos artigos e adotou diferentes pseudônimos como: Peter Panter, Theobald Tiger, Ignaz Wrobel e Kaspar Hauser.
Em outubro de 1919 trabalhou para o cabaré Schall und Rauch (Som e fumaça), fundado por Max Reinhardt. Em maio de 1920 casou-se com a médica Else Weil, que serviu de inspiração para a personagem Claire de Rheinsberg, mas se divorciaram em junho de 1923. Ele se casa com Mary Gerold em 1929 e, no mesmo ano, foi para Paris como correspondente da Die Weltbühne e do Vossische Zeitung, passando a maior parte de seu tempo no exterior. Após a morte do seu amigo, fundador e editor da Die Weltbühne, Siegfried Jacobsohn, em dezembro de 1926, Tucholsky retornou a Berlim e dirigiu a revista por um curto período.
No ano de 1930 ele se mudou permanentemente para a Suécia e abandonou gradualmente o jornalismo. Após a tomada do poder pelos nacional-socialistas, Tucholsky foi expatriado e seus livros foram proibidos e queimados em público.
Em 21 de dezembro de 1935, após uma doença prolongada e severa depressão, Tucholsky faleceu de uma overdose de pílulas para dormir (não está claro se intencionalmente ou não) e suas cinzas foram enterradas sob um carvalho perto do Castelo de Gripsholm, nome do seu segundo livro.
Algumas de suas obras foram adaptadas para o cinema como Schloß Gripsholm, em 1963 e Rheinsberg, em 1967, ambos sob a direção de Kurt Hoffmann, bem como Christoph Kolumbus oder Die Entdeckung Amerikas, em 1969.
Como jornalista, satirista, escritor e, acima de tudo, como observador crítico de seu tempo, Tucholsky deixou um legado de compromisso político e de luta pela liberdade de expressão, contribuindo significativamente para o debate intelectual de sua época.
Tucholsky disse: „Sprache ist eine Waffe. Haltet sie scharf“ ("A língua é uma arma. Mantenha-a afiada") e ele a usava como tal.
Obras (seleção):
Rheinsberg: Ein Bilderbuch für Verliebte (1912) (Rheinsberg: Impressões para os apaixonados)
Mit 5 PS (1928) (Com 5 PS), coletânea com cerca de 100 textos.
Lerne lachen ohne zu weinen (1931) (Aprenda a rir sem chorar)
Schloß Gripsholm (1931) (Castelo Gripsholm)
Christoph Kolumbus oder Die Entdeckung Amerikas. Komödie in einem Vorspiel und sechs Bildern. (1932), em conjunto com Walter Hasenclever. (Cristóvão Colombo ou A descoberta da América. Comédia em prólogo e seis cenas)
Fonte:
Becker, Sabina; Maack, Ute: „Kurt Tucholsky. Das literarische und publizistische Werk“, in: Becker, Sabina und Maack, Ute (Hrsg.). Kurt Tucholsky. Das literarische und publizistische Werk. Darmstadt, 2002.
Hosfeld, Rolf: Tucholsky. Ein deutsches Leben. Biographie. München, 2014.
Kafka, Franz: Tagebücher 1910 – 1923. Frankfurt am Main, 1976, registro de 30.09.1911.
Tucholsky, Kurt: „Mir fehlt ein Wort“, in: Kurt Tucholsky: Gesammelte Werke in zehn Bänden. Bd. 7, Reinbek bei Hamburg, 1975.
Deutsche Digitale Bibliothek: www.deutsche-digitale-bibliothek.de
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